Relatório de
Sustentabilidade 2011 / 2012

Novos Projetos na Fundação Solidariedade

A entidade inaugura mais uma casa de apoio à vida independente e seu coral lança um novo CD de música erudita para crianças e adolescentes.

Em 2012, a Fundação Solidariedade completou 23 anos de atuação em benefício de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Sediada em Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba, a instituição é formada por seis casas-lares, que abrigam até dez crianças cada. Em cada casa, há uma mãe social, que reside e cuida dos moradores. A Fundação possui ainda um Centro Pedagógico e Cultural, biblioteca, quadra poliesportiva, salão de festas e outras áreas de lazer.

A Fundação é mantida por meio de contribuições de funcionários tanto da Volvo do Brasil quanto da Suécia, além de promoções e convênios (FIA). Possui uma equipe multidisciplinar: professoras, assistentes sociais, psicólogas e funcionários administrativos. Atua em cinco frentes: formação e educação; resgate do convívio social, adoção, reintegração familiar e profissionalização.

Neste biênio duas conquistas foram especialmente marcantes: uma nova unidade da República Solidariedade e a gravação do CD do Coral Solidariedade.

Quando completam 15 anos, os adolescentes são encaminhados à República Solidariedade. Prosseguindo com o aprendizado de autonomia, que começa na Fundação, nessa fase o grande foco é preparar meninos e meninas para assumir o controle de suas vidas. A primeira República foi aberta em 2009 no centro de Curitiba.

No final de 2011, o projeto ganhou força e uma nova unidade foi inaugurada. “Eles trabalham no Programa Menor Aprendiz pela manhã, fazem curso profissionalizante à tarde e estudam à noite. Como a Fundação fica muito longe do centro de Curitiba, as Repúblicas facilitam essa fase de transição à vida independente”, conta a assistente social Amanda Ataele Lovato.

Hoje a Fundação tem dois apartamentos, onde vivem 16 adolescentes. No dia a dia, eles contam com o apoio e orientação de uma educadora social, que também mora na república, e a equipe da Fundação os acompanha de perto. Aos 18 anos, os rapazes e moças podem deixar a Fundação, mas contam com a opção de ficar na República até os 21.

Outro projeto que frutificou foram as aulas de música, das quais já participaram 356 atendidos pela Fundação. As aulas do coral foram instituídas em 2000 e da orquestra, em 2005. A música contribui para a integração social, estimula a criatividade individual e coletiva e proporciona à comunidade local maior contato com a cultura.

Em 2012 o Coral da Fundação gravou o CD Música Erudita para Crianças e Adolescentes ano IV, com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A festa de lançamento foi realizada no dia 31 de outubro na Capela Santa Maria, na cidade de Curitiba (PR), e as crianças costumam ser chamadas para apresentações em escolas e na própria Volvo.

Tanto o coral quanto a orquestra são formados também por crianças e adolescentes da comunidade do entorno da Fundação. Hoje, há 30 integrantes no coral e 35 na orquestra.



Uma vida em transformação

Jovem apoiado pela Fundação estuda na Universidade Federal de Santa Catarina

O pai de Diego Carvalho morreu quando ele tinha 8 anos e seu irmão Thiago, 12. Sem condições financeiras de criar os meninos, a mãe os confiou a uma tia que, com três filhos, também não deu conta da incumbência. Cerca de um ano após perderem o pai, eles foram entregues ao Conselho Tutelar. Antes de chegarem à Fundação Solidariedade, os garotos passaram por outras duas casas-lares. Hoje, aos 21 anos, Diego trabalha e cursa Contabilidade na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Como vocês chegaram à Fundação Solidariedade?
Pelo que eu sei, nossa antiga mãe social, que cuidou da gente na primeira casa lar, em Almirante Tamandaré, deu um jeito de irmos para Fundação Solidariedade. Eu tinha 12 ou 13 anos quando cheguei lá.

Como você se sentia nessas idas e vindas?
No início tinha muita saudade dos meus pais. Meu irmão foi fundamental na minha vida! Ele tomou pra si a responsabilidade de me conduzir ao que era correto. Ele, por ser mais velho, sempre cuidou de mim.

E como foi a vida na Fundação?
Os diversos projetos - música, dança, reforço escolar, apoio psicológico, entre outros - foram decisivos para nossa formação pessoal. Tive contato com a profissionalização, ou melhor, a inserção à preparação para saída da Fundação Solidariedade.

Foi quando começou sua trajetória profissional...
Comecei a fazer Guarda Mirim, que era profissionalizante, e o programa nos encaminhava durante o período de formação para empresas dos mais diversos segmentos. Até agora, aos 21 anos, já trabalhei em cinco empresas.

Onde você trabalha hoje?
Sou estagiário no setor financeiro da Reivax S/A Automação e Controle. Faço emissão de notas fiscais de nacionalização da matéria-prima vinda do exterior, além das demais notas fiscais nacionais.

Você morou na República Solidariedade?
Sim, durante dois anos aproximadamente. Lá que a Marilene (Kulcheski, gestora da Fundação) me proporcionou estudar para o vestibular. Ela conseguiu uma bolsa no Curso Positivo, um dos melhores em Curitiba, para o terceirão com o apoio de uma pessoa que trabalhava na Volvo. Eu só aproveitei e meti a cara nos livros, era minha oportunidade. Eu trabalhava como aprendiz em eletrônica industrial à tarde, de manhã fazia Senai e à noite estudava no Positivo.

Quando você passou no vestibular?
Prestei o vestibular em 2010 para iniciar na UFSC em agosto de 2011, em Contabilidade.

Como foi a sua adaptação?
Foi tranquila devido à toda iniciação pela qual passamos na vida. No meu caso, ela foi na Fundação, com pessoas boas que entraram na minha vida.

Qual o seu sentimento em relação à Fundação?
Me sinto feliz pelo papel que ela tem no social. A instituição possibilita o envolvimento das crianças com o trabalho, estudo... Ensina a elas como se desenvolver como pessoas e se recuperar de situações pelas quais passaram. Comigo foi assim, acredito que com Thiago também! Tive mais oportunidade na Fundação do que teria na minha casa, pela origem humilde.

Planos para o futuro?
Me formar e talvez estudar na Universidad de Buenos Aires. Ou voltar para Curitiba. Não sei, é futuro!



PRINCIPAIS INDICADORES DA FUNDAÇÃO SOLIEDARIEDADE

2010

2011

2012

ATENDIMENTOS

63

65

67

REINTEGRAÇÕES FAMILIARES

6

11

18

ADOÇÕES

8

5

4

JOVENS INSERIDOS NO MERCADO DE TRABALHO

5

8

2

SAÍDA POR MAIORIDADE

-

-

2